Pedra na vesícula, por que fazer cirurgia?
Pacientes com pedra na vesícula se dividem em pacientes assintomáticos e sintomáticos, ou seja, aqueles que não têm sintomas daqueles que têm sintomas. E os pacientes que têm sintomas são aqueles candidatos à cirurgia o quanto antes. Por quê? Primeiro para alívio dos sintomas, obviamente, e segundo para diminuir o risco de complicações.
Quais são esses sintomas?
Os sintomas podem variar desde manifestações vagas, como sensação de empachamento, náuseas após a alimentação, desconforto leve ou sensação de gases, até os sintomas mais clássicos, que incluem dor no epigástrio (conhecida como “boca do estômago”), frequentemente irradiando para a região abaixo da costela direita (hipocôndrio direito) ou para o dorso (costas).
Normalmente, essas dores são descritas como tipo cólica ou aperto e costumam surgir após a ingestão de alimentos gordurosos, como frituras, óleos, manteiga, entre outros. Esses são os sintomas mais comuns associados a problemas na vesícula.
Pacientes assintomáticos
Em relação aos pacientes assintomáticos, ou seja, aqueles sem sintomas, não há obrigatoriedade na realização da cirurgia. No entanto, ela é recomendada, especialmente para pacientes mais jovens ou com maior expectativa de vida. Isso se deve ao fato de que o risco cirúrgico é mínimo quando comparado aos benefícios, considerando as possíveis complicações que podem surgir com a permanência do cálculo.
Quais são essas possíveis complicações?
O cálculo pode migrar, saindo do fundo da vesícula (onde geralmente não causa dor) para a saída da vesícula, obstruindo a liberação da bile. Isso pode levar a um quadro de inflamação chamado colecistite, que frequentemente requer cirurgia de urgência.
Além disso, o cálculo pode deslocar-se para o canal que liga o fígado ao intestino, causando uma condição chamada coledocolitíase. Nesse caso, o paciente pode apresentar sintomas como pele e olhos amarelados (icterícia), urina escura e fezes descoloridas, necessitando de procedimentos adicionais além da retirada da vesícula.
Outra complicação temida é a pancreatite, uma inflamação do pâncreas que pode variar de leve a grave. A pancreatite grave é especialmente preocupante, pois pode exigir múltiplas intervenções cirúrgicas, ter evolução incerta e, em alguns casos, levar o paciente a óbito.
Por conta dessas possíveis complicações, em pacientes com baixo risco cirúrgico, opta-se pela realização da cirurgia mesmo na ausência de sintomas. O risco-benefício é claramente mais favorável, evitando complicações que podem surgir a qualquer momento e para as quais o paciente pode não estar preparado.